A produção textual vai se tornando clara à medida que vai sendo construída, do mesmo modo que a obra do artesão é modificada a cada empenho dele. Muitas vezes, para entender como um tapete é feito, temos que olhá-lo em seu avesso, pois só assim conseguiremos perceber como a trama de suas linhas estão entrelaçadas e inferir o modo como foi produzido. Assim também é com o texto: muitas vezes precisamos olhá-lo pelo avesso para compreendê-lo. Essa ação nos torna cada vez mais conhecedores dele.
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sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Dicas de leitura
Estes quadrinhos foram extraídos do livro Persépolis, uma autobiografia de Marjane Satrapi. Trata-se de uma mulher que narra a sua história contextualizando-a com o cenário político-social da Revolução Iraniana. Esta tirinha retrata a época em que as mulheres foram forçadas a usar o véu e a se vestir de modo “apropriado” aos olhos do governo iraniano. A fiscalização, entre outras maneiras, era realizada pelas “guardiãs da revolução” que prendiam as mulheres que não usavam o véu adequadamente.
Marjane, assim como as mulheres de sua família, não concordava com o uso do véu e não gostava da ideia de suas escolhas serem cerceadas pelo governo. Então, usava o véu, mas não abria mão de outras escolhas.
As cenas das tirinhas são, em sua essência, bastante repressoras. Contudo, muito embora reconheçamos a gravidade da situação, a linguagem dos quadrinhos ameniza tal drama e permite com que achemos graça da maneira como a garotinha luta argumentativamente para não ser presa pelas guardiãs. Isso é possível pela articulação dos elementos verbais e não verbais, lidando com aspectos visuais e lingüísticos, permitindo ampliar as possibilidades de interpretação e de recepção pelo interlocutor (nós!).
Fica a dica para o livro: Satrapi, Marjori (1969). Persépolis. Tradução Paulo Werneck - São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
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